sexta-feira, dezembro 05, 2008

3 Fragmentos sobre o mesmo tema. M. de Maria


...num dia em que a porta se voltou a abrir e os ponteiros pararam.





"A Palavra", Carl Theodor Dreyer, 1955





"O Túnel", episódio de "Dreams", triptico de Akira Kurosawa, 1990


"O Sétimo Selo", Ingmar Bergman, 1957


quarta-feira, dezembro 03, 2008

QUANTO VALE A VERDADE PERANTE OS AFECTOS PRIMORDIAIS?


Para Mr. C, amigo nobre e genuino.




"The man who shot Liberty Valance", John Ford, 1962

3 Baladas para um sorriso. Joana. III


O DIA SEGUINTE...




Peggy Lee "It's a good day" (1950)

3 Baladas para um sorriso. Joana. II


A CELEBRAÇÃO.




Diana Ross and the Supremes "I hear a symphony" (1966)



3 Baladas para um sorriso. Joana. I


O REENCONTRO COM O ESPAÇO VITAL




Johnny Guitar (1954)

quarta-feira, maio 14, 2008

THE NATIONAL...NA AULA MAGNA

Saberá sempre a pouco o comentário à presença inesquecível dos The National na Aula Magna, ainda assim perante a ininterrupta avalanche de imagens que testemunham as mais variadas e até delirantes actividades (para o bem e para o mal) e emoções de prováveis e improváveis dinamizadores da música popular, é irresistível irromper pelo ritmo do silêncio com a furiosa performance de Matt Berninger quando cantando «Mr November» inscreveu todas as emoções de um conjunto notável de canções neste momento único, o mais simbólico da noite naquele que é um dos concertos de sempre da Aula Magna e um dos candidados a momento do ano. Quem não viu tem aqui o acesso possível e pode obviamente lamentar a ausência.

terça-feira, dezembro 18, 2007

A CURTA TRAVESSIA DO TEMPO

Para além do sempre irrecusável oportunismo de averiguar no mercado a capacidade deste esgotar a galinha dos ovos de ouro que outro factor que não a ousadia de investigar a raíz do fruto apetecido presidiria a uma acção estética pluridesciplinar em torno de um monumento instantaneamente consagrado e remetido sem mácula para o dominio dos paradigmas da fusão soul-funk e fonte de inspiração para os espiritos criativos vindouros?
Talvez porque, mais do que um episódico «lifting» de contornos económicos num projecto que promete a felicidade ao virar a montanha o «leit-motiv» inscrito na origem permita aceder ao fundamental da questão e mais uma vez entrever nesse tão vital como imperativo traço humano a legitimidade atribuida a quem vê mais longe mesmo que o espirito mais optimista vislumbre sempre a metade cheia do copo. E que afinal a tarefa atribuida a um conjunto de iminentes signatários da outrora mais bem cotada actividade da remistura seja, nem a dentada repetida no mesmo fruto, ou a desplindagem estética em proveito próprio mas antes a afirmação da luz que conduz à perenidade da árvore e da laboriosa empresa que a transporta no tempo.
Se o figurino proposto convocaria à inibição perante o objecto perfeito e engeitaria de imediato o «toque de midas», a sabedoria no reagrupamento das particulas sonoras nucleares – naturalmente o espaço vocal – bem como a condução meticulosa da vibração motriz original suportada então pela acção instrumental em regime de grupo - sem nunca dela perder o vinculo - para a realidade pós-tecno, alargada à dimensão pessoal dos intervenientes, tornou a dispôr a matéria de recorte clássico e calor melódico num espaço onde parecia não caber uma agulha e assim alargar o horizonte agora disperso pelas incidências contemporâneas da mesa de mistura: Do reggae-versão «smooth»(Dynamics), ao «techno» assediado ora pela pista de dança(Afronaut) ora pela sua leitura mais ambiental (Blackbeard), da luxuriante disposição da voz em cenário «low-fi-swing»(Mr Scruff), à aplicação de um modelo ««Afro-Rock»(Lack of Afro), o irresistível contágio com o Brasil(Elisabeth Shepperd Trio) e o fôlego ainda revelado pelo breakbeat(Simbad), tudo parece convocar a faceta ritmica-groove como principio catalizador da fórmula “quem insiste sempre alcança”, sobretudo quando prazer, fruição, intuição e vontade criativa parecem fornecer as asas para olhar do amplo observatório que Keep Reachin' Up já convidava e suprimir da condição de relevo a escala do tempo.
Se mais não houvesse, o feliz apuramento na reordenação da matéria no espaço e a precisão na clareza do discurso essencial à luz da sua matriz urbana, restituiria a preceito a imagem perdida pela cultura da “assemblage” sonora face à voracidade do mercado em constante procura, mas a «dádiva» propiciada pela aventura singular de um objecto em trânsito inedefinido pela sua «condição existencial» de recorte «retro» - a «alma negra» de Filadélfia, New Orleans e Detroit – e a vertigem contemporânea de todas as «encenações» - com base em Helsinquia - terá encontrado na extensiva dinamização da sua convicção espiritual e veia libertadora, por uma vaga de militantes da causa «electrónica», um acto partilhado de fé, aplicação do génio e afirmação subtil e simbólica da reinvenção do tempo e espaço em música. Empolgante!
(“Keep Reachin' Up Remixed”, ed. Above the Clouds/2007)